Nesta semana de carnaval duas reportagens me chamaram atenção e as duas referentes ao dilema do homem atual.
Numa reportagem sobre os blocos de ruas de São Paulo as garotas entrevistadas reclamavam:
“Quanto riso, oh, quanta alegria, mais de mil palhaços… nos blocos de rua, mas quase nada de beijo na boca”.
O refrão “beija eu, beija eu, beija eu, me beija” era o grito de guerra. Com um público “diversificado”, gente bonita, descolada e gringos reclamavam:
“Os homens estão devagar”, queixavam-se. “Estou aqui há mais de duas horas. E não beijei ninguém.”
As mais otimistas tentavam pôr “panos quentes” na conversa dizendo que ainda era cedo e que esperavam até o final “beijar muito” o que logo era retrucado rapidamente:
“É, amiga, mas em uma hora de Parada Gay eu já tinha beijado uns dez”.
Outras afirmavam que o bloco estava em marcha lenta, mas ponderava:
“Sou muito exigente e chata. Agora, quando pego, é para arrasar.”
O homem que encostava para ouvir a conversa saiu-se com esta: “Esse pessoal pode até começar exigente, mas depois de umas e outras…”.
Uma que acabava de chegar comentou: “É o mar não está pra peixe”. Duas horas de folia depois a maré continuava na baixa. “É Carnaval, não sou obrigada a ficar no zero a zero”, criticou.
As que tinham vindo de longe à procura de um Carnaval “animadinho” decepcionou-se com o que viu: “Não é porque fiquei em São Paulo, enquanto meus amigos viajaram que vou amargar nessa seca”.
As mais inconformadas eram mais críticas na tentativa de uma explicação para tal fenômeno: “É o Carnaval coxinha de São Paulo”, disse. “Não tem praia, não tem tesão.”
O único ser que parecia entender a linguagem delas era um ambulante ostentava uma placa: “aceito todos os cartões internacionais” e gritava a seguinte frase: “E falo a sua língua. Se a moça for bonita, ela ainda ganha um beijo”.
O carrinho de bebidas estava abarrotado de garotas — todas pagavam em “dinheiro vivo”.
Kd us homi?
Camille Anna Paglia (Endicott, Nova Iorque, 2 de abril de 1947) é uma ensaísta e escritora americana. Paglia é uma intelectual de contradições apenas aparentes: uma ateísta que respeita a religião e uma classicista que defende tanto a arte elitista quanto a popular com uma visão de que o ser humano tem uma natureza irresistivelmente dionisíaca, especialmente no aspecto mais selvagem e obscuro da sexualidade humana
Numa outra entrevista na revista Veja da semana, a polemica, mas sempre com pontos de vista interessantes a escritora americana Camille Paglia tentava explicar esse momento:
“Nós sufocamos os homens”.
E explica que a prevalência dos valores femininos nas casas, nas escolas e nos governos “apagou” a masculinidade do mapa e deixou os homens perdidos.
E mais: “As mulheres pedem que aos homens que eles sejam o que não são e, quando eles se tornam o que não são, elas não os querem mais”.
Quando perguntada se os homens estão mais frágeis respondeu:
“A masculinidade tradicional está numa encruzilhada. O que os homens podem ser? Como eles podem se diferenciar das mulheres? Alguns não veem problema em receber ordens delas. Mas, para outros, é como se a masculinidade tivesse sido apagada, como se tivessem perdido sua posição dentro da família. Sentem-se sufocados e precisam estar com outros homens. Aí entram a pornografia, os clubes de strip-tease, os esportes: é quando os homens escapam para o mundo deles. Chutar uma bola no meio do campo é muito revigorante e bom para escapar das mulheres”.
Diz ainda: “Eles se sentem errados o tempo todo. Houve um tempo que os homens faziam coisas que as mulheres não podiam fazer. Então ninguém questionava se eles “eram homens” ou não. Hoje elas querem que o homem seja igual à mulher. Querem falar com ele do mesmo jeito que falam com as amigas. Isso é com os gays! Os gays conversam por horas, fofocam, falam sobre a vida pessoal… os héteros não. Eles não querem aprofundar-se nos sentimentos”.
“Liderar uma nação é também de cuidar de assuntos militares, o que requer firmeza e assertividade. Em vez de estudarem questões do gênero, as mulheres que querem ascender politicamente deveriam estudar história militar e economia”.
“Quando vou à Nova York vejo as mulheres nas ruas: bem cuidadas, lindas, bem sucedidas, graduadas em Harvard, Yale e… tediosas! Te-di-o-sas. Não têm nenhuma mística erótica. Acho que o número de homens gays, vem aumentando porque os homens são mais interessantes do que as mulheres”.
E onde elas deveriam buscar a felicidade?
“Bem, achar que as mulheres profissionalmente bem-sucedidas são o ponto máximo da raça humana é ridículo. Vejo tantas delas sem filhos porque acreditaram que podiam ter tudo: ser bem sucedidas e mães aos 40 anos. “Minha geração inteira deu de cara com a parede. Quando chegarmos aos 70, 80 anos, acredito que a felicidade não estará com as ricas e poderosas, mas com as mulheres de classe média que produziram grandes famílias”.
São afirmações polemicas, podemos não concordar com todas as opiniões, mas servem sim para a discussão do tema:
Kd us homi?
Rssss…. Eu estava lá na Vila Madalena e tinha mais de garotas com garotas. Quem será que está perdendo?
Oi Edu, essa conversa de que as mulheres evoluíram e estão sufocando os homens já está chateando. Parece ser desculpa para a falta de atitude. Acho q era só assumir que, da mesma forma que as mulheres estão mais seletivas, os homens também estão. Cabe a cada uma das partes dar chance pro encontro. Isso, sim, não acontece: chance a um novo encontro.