Hora de Mudar

Os Invejosos

Os Invejosos

Encontrei esta crônica de Danusa Leão que explica por que mulheres e homens sentem inveja recíproca. Tem tudo a ver com o texto abaixo sobre “Por que elas, inteligentes, independentes, bonitas, interessantes … estão sozinhas?”

Vale a pena ler: 

Danusa Leão

Danusa Leão

Para quem não sabe, Danuza Leão (Itaguaçu,26 de julho de 1933) é uma jornalista e escritora brasileira. Irmã da cantora Nara Leão, foi casada com o jornalista Samuel Wainer, fundador do extinto jornal Última Hora. É autora de livros como Na sala com DanuzaAs aparências enganam e Quase Tudo. Atualmente é colunista do jornal Folha de São Paulo. Nos anos 1950 foi modelo profissional. Em 1992 obteve um grande êxito editorial com Na Sala com Danuza. Em 2006 lançou sua autobiografia Quase Tudo. É mãe da artista plástica Pinky Wainer, do falecido jornalista Samuel Wainer Filho e de Bruno Wainer, empresário do ramo de distribuição cinematográfica, e avó do ator Gabriel Wainer

 

 Os Invejosos  (Revista Claudia – em 05.05.2011 )

 

Há décadas as mulheres lutam para ter os mesmos direitos que os homens. Já conseguiram muito: podem entrar num restaurante sozinhas, viajar idem e até dividir as contas quando saem com o namorado. Mas em algumas coisas, vamos reconhecer, jamais seremos iguais a eles.

Não neste século, talvez no próximo. Talvez.

Pense, por exemplo, num homem de 45/55 anos, inteligente, charmoso, sarado, levemente grisalho, bem-sucedido no trabalho, boa-praça e simpático. Quem não gostaria de namorar um homem assim? Esse tipo de homem costuma ser o sonho de consumo das mulheres dos 30 aos 60.

Agora, vamos inverter: pense numa mulher entre os 45 e os 60, inteligente, sedutora, com os cabelos começando a embranquecer, um sucesso na vida profissional, elegante, culta, viajada.Quantos homens telefonam para ela por dia tentando se aproximar?

Quantos sonham em ter um romance com ela?

Vamos admitir: poucos. Nenhum, talvez. É justo? Não.

É assim? É. Por que será? Eu, cá com os meus botões, penso que a culpa é um pouco nossa. Esses homens tão cobiçados – estou falando dos solteiros, claro – não costumam passar a vida procurando desesperadamente por uma mulher.

Já nós – a maioria das mulheres, eu diria – pensamos muito nisso. Quase que só nisso. Alguém já ouviu um homem dizer “não tem mulher na praça”? Mas “não tem homem na praça” estou exausta de tanto ouvir, das gatinhas de 20 às maduras de 60. Se já podemos fazer praticamente tudo que eles fazem, por que precisamos tanto deles?

Boa pergunta.

Mas as coisas estão mudando; você já reparou que eles estão querendo ficar iguais a nós? Existem coisas que um machão não podia fazer e agora ficou decidido (por eles, claro) que pode. Com o surgimento do metrossexual, eles não escondem que se depilam, fazem plástica, lipo, limpeza de pele, hidratam e pintam os cabelos, usam vários cremes no rosto, e já existem muitas marcas de produtos de embelezamento dirigidas exclusivamente ao público masculino. Além disso, trocam as fraldas dos filhos, usam brincos, pulseiras e anéis, e só falta mesmo vestirem saias e usarem sapato alto (Ronaldinho Gaúcho usa até aro no cabelo).

E não é por acaso que no Carnaval eles saem vestidos de mulher, usam batom, blush e não dispensam nem os sutiãs.

E mais: agora resolveram entrar no sacrossanto recinto feminino, que é a cozinha. Compram utensílios importados, vão à feira e inventam receitas; para nós, mulheres, sobrou o pior: lavar as panelas.

Um dia a gente chega lá.

Mas a natureza nos deu o maior de todos os privilégios: o de podermos ser mães. Eles não falam disso, claro, e se Freud descobriu, cientificamente, que a mulher tem inveja do pênis, nunca mencionou a inveja deles, que não podem conceber um filho. Compreende-se: Freud, sendo homem, puxava a brasa para a sua sardinha. A vida é muito boa, mas no dia em que deixarmos de lado essa procura insana por um amor, um homem, um marido, acho que seremos muito mais felizes.

E, se pintar um homem, melhor ainda.

 

 

 

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