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Revenda Periguete

Tudo começou com uma brincadeira: durante um dos “Painéis de Tendências”, eventos desenvolvidos e realizados pela Direct Channel no decorrer de setembro e outubro, mais especificamente no Painel de Automação Comercial, um dos participantes, contrariando a opinião dos painelistas, que falavam sobre a relação entre fabricante, distribuidor e revenda, disse: “Na verdade vocês gostam é das revendas periguetes, não é?”. Inevitável. Todo o auditório caiu na risada.

Por fim, pedimos ao Eduardo Santos, autor do comentário, que escrevesse um artigo para o Portal do Canal falando sobre a “revenda piriguete”.

Clique aqui e confira o artigo!

Revenda Piriguete

De tempos em tempos em nosso mercado de automação surge uma explicação para os movimentos de mudanças.

Na época da reserva de mercado os fabricantes nacionais que tinham o mercado em suas mãos diziam que os preços altos para seus produtos era por causa das revendas que eram chamadas de “especuladores” e que como o túmulo ao soldado desconhecido que ninguém sabe quem é, nunca se identificou um especulador, mas a culpa era da revenda.

Quando o mercado resolveu apostar na revenda oportunista em vez da revenda que cria a oportunidade apareceu o “pastel”, a revenda que tinha uma pasta e um celular.

Agora novamente com o mercado em mudança, os fabricantes e distribuidores criaram uma nova figura a “Revenda Piriguete”.

Digam-me: qual a revenda que já não recebeu um dia, uma declaração de amor eterno de algum distribuidor ou fabricante?

Prometem uma vida eterna e feliz de parceria, um apoio incondicional de crescimento, Planejamento Estratégico, marketing cooperado, PE (preço especial), leads, apoio técnico e só querem em troca a dedicação da revenda.

A revenda se enamora toda, vê estrelas no céu, se prepara para o casamento, monta estrutura, contrata pessoal, investe em estoque porque quer ajudar ao Executivo de seu parceiro a fazer a meta, afinal ele é tão bonzinho.

Vai a campo, começa a desenvolver o mercado, vai atrás de projetos (que normalmente demoram meses), apresenta ao cliente o produto, todas as vantagens e diferenças, coloca a disposição um equipamento em demonstração, homologa, investe em pessoal, viagens, almoços para que o cliente enfim faça a escolha do produto com a sua revenda.

Enfim o projeto é aprovado, o produto é escolhido e a compra vai ser feita. A área técnica passa as necessidades ao departamento de compras para que sejam feitos os procedimentos de aquisição.

O comprador usando de técnicas conhecidas e “inortodoxas” vai ao mercado a procura de outras revendas para ter o famoso “três propostas”.

E quem aparece?

Ela a “Revenda Periguete”.

Como ela aparece? Simplesmente “alguém” do distribuidor ou fabricante fica sabendo da oportunidade e assopra para revendas oportunistas que se apresentam na maior cara de pau ao cliente como alternativa dos mesmos produtos e das mesmas marcas: é a chamada “Revenda Periguete”.

Ela é chamada a fazer numero, não fez nada, mas tem “outros predicados” e não quer uma relação permanente, apenas quer aproveitar o momento, a oportunidade de estar em tão boa companhia. Contenta-se com pouco, afinal não teve que investir nada e nem perdeu tempo, apenas vai tirar uma nota fiscal de agenciamento e nem sabe quanto vão descontar de sua comissão.

Como me disse uma “Revenda Periguete” quando indagada por que aceitava essa situação: – Eles nem me conhecem, mas de vez em quando me mandam uma comissão e só tenho que tirar a nota fiscal.

“Revenda Piriguete” é um termo pejorativo, usado para descrever uma revenda que não quer outra coisa senão se aproveitar de uma situação sem nada fazer.

Piriguetes são as revendas independentes e liberais que procuram ter envolvimento com um distribuidor ou fabricante somente para tirar vantagem. Uma das suas características é que ela não se apega facilmente e normalmente não procura um relacionamento duradouro, mas apenas as vantagens e facilidades daquele momento. Fala com todos e entrega o pedido a quem oferecer mais.

As “Revendas Periguete” são oportunistas e estão sempre nas baladas, geralmente não se prendem a distribuidores ou fabricantes, escolhem com quem e quando querem ficar, são autossuficientes e que não se importam com a opinião que o mercado tem deles. A “Revenda Periguete” não costuma ser muito bem vista pelos profissionais sérios e muitas vezes nem mesmo pelos os distribuidores e fabricantes, pois são tachadas de pouco profissionais, e apesar de muitas se sentirem inferiorizadas, são sempre procuradas para os serviços mais sujos, já que elas topam qualquer “programa”.

Para ficar claro:

Revenda Periguete não são as revendas e-commerce que tem estrutura, gastam fortunas nas suas estratégias de atrair clientes.

Revenda Periguete não são aqueles profissionais que mesmo sozinhos em sua revenda criam oportunidades e atendem determinados clientes como só eles poderiam atender.

Revenda Periguete é aquela revenda que vive dos favores dos funcionários de fabricantes e distribuidores e que se aproveita das falhas do nosso modelo de canal comercialização, são oportunistas sempre.

Revenda Periguete é aquela revenda que pertence a distribuidores e fabricantes, seus sócios, ou empregados e que ficam esperando uma possível solicitação de PE ou mesmo cotação para se apresentar como alternativa.

Enquanto os distribuidores e fabricantes não se convencerem que é melhor ter revendas comprometidas com o desenvolvimento do mercado vamos ter essa “zona” em nosso mercado e em pouco tempo morreremos todos acusando uns aos outros de responsáveis pelo caos implantado.

Somos todos responsáveis e se quisermos sobreviver e multiplicar por três nosso mercado precisamos urgentemente definir os papeis de cada elo da cadeia de comercialização de automação e sermos rigorosos com o cumprimento de procedimentos mínimos de relação comercial entre as partes. Hora de Mudar.

 

Eduardo Augusto dos Santos

Paulistano do bairro da Indepedência (Ipiranga-São Paulo), que apesar de manter fortes vínculos com suas origens e convicções sempre foi um apaixonado pelas mudanças como forma de evoluir e crescer como ser humano, daí HORA DE MUDAR.

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  • Meu amigo, gostei muito da definição e do esclarecimento. Adequado também no meu mercado de trabalho. Algum de nós, mercado, está isento? Feliz Ano Novo!

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Eduardo Augusto dos Santos

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